Nossa História

 

—A ideia de fundar uma cerâmica nascia há 30 anos, alimentada pelo desejo de aliar a riqueza do solo, as condições naturais favoráveis e o conhecimento da terra ao empreendedorismo. Conta o empresário e engenheiro agrônomo Francisco Xavier de Andrade, à época um vendedor de fertilizantes…

1| E Assim Começa a Salema

 

S alema, nome da região do Vale do Mamanguape onde existia um antigo porto fluvial que movimentou a segunda economia mais forte da Paraíba no século XIX, também designa uma simpática espécie de peixinho amarelo que aporta pela costa brasileira, incluída a cidade de Rio Tinto. —Hoje, mais do que história e natureza, Salema ganha mais um significado, é esse o nome de uma das empresas privadas que mais emprega na região do litoral norte paraibano e é responsável também por tocar nas pessoas o sonho da casa própria. —A ideia de fundar uma cerâmica nascia há 30 anos, alimentada pelo desejo de aliar a riqueza do solo, as condições naturais favoráveis e o conhecimento da terra ao empreendedorismo. Conta o empresário e engenheiro agrônomo Francisco Xavier de Andrade, à época um vendedor de fertilizantes:

“Quando comprei a propriedade em Rio Tinto, vi que havia jazidas de argila e uma pequena olaria em decadência. A minha primeira pretensão foi plantar cana-de-açúcar e criar gado, mas enxergava a olaria como um potencial, e por isso desenvolvi as três atividades”.
—Francisco Xavier apostou no produto mesmo sabendo que as oscilações do mercado poderiam não garantir uma curva ascendente. A herança do “milagre econômico” protagonizado pelo governo ditatorial desencadeou um cenário de estabilidade: a crise dos sucessivos planos econômicos da Era Sarney e o confisco das poupanças da Era Collor (1987 a 1991), fizeram com que as vendas sofressem um golpe. Em 1989, a inflação atingia incríveis patamares de 80% ao mês, 3000% ao ano (hoje, beira 6%). “A concorrência com os usineiros locais também era desvantajosa”, aponta José Carlos Rogério, o Carlinhos, na empresa desde o início. “Na época, fui aconselhado a escolher entre a cana e a cerâmica. Decidi pela cerâmica. Foi o que salvou as finanças”, lembra, Francisco Xavier.
carro de boi sol—
Foi preciso segurar a barra diante das crises, como recorda Severino Caetano da Silva, o Menta, desde 1991 na empresa: “Em uma fase, achávamos que íamos fechar. As vendas caíram e começamos a perder funcionários. Depois, passou”. “Na época de Collor as pessoas já não contavam mais com as suas reservas de poupança e os tempos eram incertos. Enquanto muitas fábricas fechavam, a Salema segurava sua produção. Uma hora, a crise teria que ir embora”, lembra José Enedino da Silva, mestre dos fornos.

2| E a cerâmica Cresce

 

H—á 26 anos a Salema não era nada disso”, diz Luiz Antonio, apontando para uma foto emoldurada na parede do escritório com vista aérea da empresa feita há poucos anos. “Foi graças à persistência e boa gestão empresarial que a empresa cresceu”, reconhece, ele que também testemunhou a morte do sonho agropastoril dos seus primórdios. “No início, saíam das máquinas aquele tijolo manual, quadradão, que abastecia pequenos depósitos. Ninguém imaginava no que aquela olaria pequenininha iria se tornar”.

—A estrutura da pequena olaria, feita em galpões velhos de madeira, pouco a pouco ganhou instalações melhores para acomodar o tijolo nas suas diferentes fases de processamento.

“No início, eram quatro forninhos pra uma pequena produção de tijolos, a capacidade de cada um era de aproximadamente 20 vezes menos que os atuais”. Diz Severino José, o Virino, na cerâmica desde 1981.

O maquinário, comprado com a ajuda de empréstimos bancários, aumentava a capacidade de produção.

—O assessoramento veio de empresários do ramo, construtores, advogados, mas sobretudo da gente simples, do chão de fábrica, que opinava desde as reformas estruturais até como aplicar o dinheiro das primeiras vendas.

“Precisei considerar o que ouvia para aprender, nada desprezar. As redes, rodas de conversas, são muito ricas. Gente que tinha apenas o ensino primário me ensinou lições para a vida inteira, coisas que a universidade não fez”, diz Francisco Xavier.

A cerâmica, que começou distribuindo para pequenos depósitos de construção, hoje vende para Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. É parte do “boom” que o mercado imobiliário brasileiro vem experimentando, tanto em face do equilíbrio da inflação (que permite ao brasileiro investir). Um exemplo disso, são os programas de ajuda,como o Minha Casa, Minha Vida, que esticam os planos de financiamento de imóveis a juros praticáveis. Mas outro fator está por trás do crescimento da Salema, ainda mais dentro do MCMV: o bloco estrutural.